Entender a dinâmica das firmas exportadoras é fundamental para que possamos estimular nossa participação no comércio exterior.
Quais são as empresas brasileiras que exportam? Para que países vendem? O que determina a escolha dos mercados a serem explorados? Depois de começarem a exportar, elas conseguem se
manter no mercado externo? Para obter respostas a essas e a outras perguntas, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) realizou uma radiografia inédita sobre as
empresas exportadoras brasileiras.
O levantamento identificou que somente 1% das firmas brasileiras vendem para o exterior —ou seja, são apenas cerca de 25 mil firmas as que têm acesso ao mercado externo.
Chamou a atenção o fato de que 61% dessas empresas realizam negócios na América Latina, o que reforça a importância da integração regional. Além das vantagens da proximidade geográfica e cultural, os produtos brasileiros encontram tarifas mais baixas na região, fruto de acordos comerciais.
De fato, as tarifas médias impostas pelos parceiros comerciais do Brasil figuram como um fator relevante para empresas exportadoras definirem o destino de suas mercadorias. Ou seja, os dados confirmam que mercados que aplicam tarifas de importação elevadas têm chances menores de serem explorados.
Por outro lado, identificamos que, na definição dos seus países alvo, as empresas exportadoras têm passado a dar mais atenção ao tamanho do mercado consumidor. De 2018 a 2020, aumentou em 24% o número de empresas exportando para a China. Para os EUA, o crescimento foi de 21%. Para a União Europeia, de 16%. Por outro lado, o número de firmas exportando para o Mercosul cresceu apenas 2%.
Salvo honrosas exceções, ainda é tímida a atuação externa das empresas brasileiras.
A probabilidade média de uma firma começar a exportar desde sua abertura até dez anos de funcionamento é de apenas 1%. Para a indústria de transformação, a chance aumenta para 4%. Empresas maiores, com mais de 250 empregados, têm probabilidade de 22% de conquistar o mercado externo em sua primeira década de existência.
Entre as empresas que conseguem vender para outros países, a chance de seguir exportando após o primeiro ano de vendas externas é de aproximadamente 65%. O estudo também revelou que a maior parte das empresas exporta de maneira esporádica. Períodos de exportações ininterruptos possuem duração mediana de três anos. Manter as empresas no mercado externo é um desafio importante.
Nosso levantamento ainda constatou que empresas exportadoras, em média, pagam salários maiores, contratam mais e empregam uma proporção maior de trabalhadores com ensino superior em comparação com as empresas não-exportadoras.
O prêmio salarial pago pelas empresas exportadoras em relação às não-exportadoras varia de 36% a 124%, dependendo do setor de atividade da empresa.
Fonte: Folha de São Paulo