Mais de R$ 8 bilhões em produtos paranaenses foram negociados em mercados internacionais entre janeiro e maio deste ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, o resultado é 12% superior ao acumulado no mesmo período em 2021. Mais do que proporcionar crescimento econômico ao estado, as exportações ampliam o olhar da indústria local. “O comércio internacional impacta a vida das pessoas e das empresas, proporcionando maiores ganhos, credibilidade das marcas no Brasil, no exterior e possibilidades de expansão”, destaca Claudia Schittini, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) do Sistema Fiep.
O Paraná ocupa posição de destaque na exportação de commodities, como a fécula de mandioca – o estado é o maior exportador brasileiro, com 12 mil toneladas comercializadas somente em 2021, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Mas o mercado internacional tem muito espaço para tudo o que é produzido no estado: “Muitas empresas, por desconhecimento do processo, acreditam que exportar é somente para grandes empresas, quando na verdade há mercado para diferentes produtos, públicos e em quantidades menores”, complementa Claudia. O objetivo do Centro Internacional de Negócios é apoiar os empresários em todas as fases, oferecendo capacitação, apoio na emissão de documentação e contato com especialistas.
Passo a passo para entrar no mercado internacional
O processo de internacionalização é bastante burocrático, exigindo conhecimento de mercado, legislação, tributação e uma lista extensa de documentos. “Os desafios iniciam já com a constituição da empresa, que precisa se adequar às normativas e legislação para o cadastro junto à Receita Federal. O entendimento e o conhecimento da legislação também são grandes problemas, pois qualquer descumprimento acaba gerando multas e despesas extras nos processos”, alerta a advogada Melina Hidalgo, especialista nas áreas aduaneira e tributária.
Mas, com base em decisões assertivas e apoio especializado, qualquer empresa pode se tornar uma exportadora. No Centro Internacional de Negócios do Sistema Fiep, os empresários cumprem o passo a passo essencial para ter sucesso na hora de embarcar seus produtos:
1º) Decidir internamente com a alta direção as motivações para exportar, e criar e incluir no planejamento estratégico da empresa;
2º) Preparar-se por meio de capacitações nos diversos temas, evitando erros e custos desnecessários na operação e planejamento;
3º) Pesquisa de mercado. Se a empresa ainda não sabe para onde exportar, é possível fazer um estudo para identificar o mercado mais adequado;
4º) Após decidir pela exportação, é preciso obter o RADAR – Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros.
Autonomia para exportar
Preenchimento correto da documentação, cumprimento de certificações exigidas pelo país alvo, atenção aos prazos acordados com o cliente internacional, habilidades de negociação e formação de preço. Não há como seguir esse roteiro sem capacitação. Melina Hidalgo, advogada nas áreas aduaneira e tributária, trabalha em parceria com o CIN no treinamento para a entrada em outros mercados, ministrando cursos de tributos aduaneiros que ajudam os participantes a entenderem como são calculados os impostos de exportação. “Para todas as capacitações, trazemos a exposição global dos processos. O exportador deve entender qual é a sua responsabilidade dentro de cada fase, ao invés de somente transferi-la para o despachante, o agente de carga ou contador”, pontua Melina. A ideia é oferecer autonomia para que as indústrias dominem o tema e possam acompanhar melhor os prestadores de serviços especializados.
Paralelamente às capacitações, o Centro Internacional de Negócios desenvolve outras atividades para que as indústrias possam estreitar relações comerciais com outros países, como encontros de negócios e até missões internacionais. A mais recente levou 20 micros e pequenas empresas para prospecções em Portugal. “Foi uma ação encadeada de preparação para exportação, destinada especificamente a micro e pequenas empresas. Por meio do programa Indústria Global – uma parceria do Sistema Fiep com a Confederação Nacional da Indústria e o SEBRAE-PR, capacitamos os empresários e os encorajamos a essa missão”, explica a gerente do CIN.
O contato com outra cultura de negócios foi o ponto alto da missão, conta Elisabete Capeleti, sócia da Capeleti Mate Tea: “Tivemos contato direto com compradores e potenciais clientes, conhecemos bem o mercado e entendemos como funciona a comercialização com os portugueses. Isso ampliou nosso conhecimento na preparação para a exportação, considero que tivemos 100% de aproveitamento”. Localizada em União da Vitória, a ervateria continua seguindo o passo a passo do CIN. “Atualmente estudamos a legislação de cada país e buscamos as normativas exigidas na Europa. Há um compromisso altíssimo com a qualidade no setor de alimentos, a legislação é muito mais exigente, e estamos preparando as certificações necessárias para poder entrar no mercado”, completa Elisabete.
Para a gerente do CIN, Claudia Schittini, o Paraná está amadurecendo nesse tema e as empresas têm demonstrado interesse em conhecer o processo: “Estamos preparados para oferecer todo o suporte na parte estratégica de preparação, para que a empresa desenvolva a cultura exportadora e efetivamente realize negócios”, finaliza.
Fonte: G1 / FIEP