Marcon Logística Portuária

Acordo de livre comércio é uma das prioridades nas relações com o Reino Unido no pós-Brexit, diz CNI

Com a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brasil precisa aproveitar uma oportunidade histórica de negociar um novo conjunto de acordos com os britânicos. Com um alto grau de complementaridade, as duas economias possuem uma série de interesses em comum que as permite avançar em negociações estratégicas, como o acordo para evitar dupla tributação e o de livre comércio.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi, explica que, além de renegociar diretamente com os britânicos cotas de importação antes fixadas no âmbito da União Europeia, o Brasil pode avançar em agendas debatidas há anos com os britânicos.

“Como saiu da União Europeia, o Reino Unido está recomeçando a sua política comercial do zero. Além de negociar diretamente com os britânicos cotas de importação antes fixadas no âmbito da União Europeia, podemos avançar com alto nível de ambição em uma série de acordos, como livre comércio, investimentos, facilitação de comércio, dupla tributação e previdenciário”, afirma o diretor.

O Reino Unido é o 16º principal parceiro comercial brasileiro e o terceiro mais importante no comércio de serviços. Em 2019, o país foi o maior investidor direto no Brasil no setor de eletricidade, gás e outras utilidades, respondendo por US$ 2 bilhões ou 40% do total investido nesse segmento em 2019.

Por outro lado, o Brasil tem o Reino Unido como principal destino de suas exportações de alta intensidade tecnológica para o continente europeu, em setores como aeronáutico e aeroespacial, veículos automotores e de aparelhos eletrônicos e de comunicações.

Acordos de livre comércio e para evitar dupla tributação são prioridades

O lançamento de negociações para um acordo de livre comércio entre o Reino Unido e o Mercosul é uma das prioridades com o Brexit. Tanto o governo do Reino Unido quanto o do Brasil sinalizaram interesse em aprofundar as relações comerciais por meio de um futuro acordo.

Na visão do setor privado brasileiro, esse compromisso deve buscar equalizar condições de acesso a mercados em bens, serviços, compras governamentais e investimentos diante dos parceiros que já possuem acordos de comércio com os britânicos.

O diretor de Industrializados da Marfrig, Rui Mendonça, por exemplo, acredita que o Brexit possibilitará novos negócios para o setor de carnes. A empresa exporta para esse mercado desde o início de sua operação, em 2000, e, hoje, conta com escritório comercial na Inglaterra especializado em importação, vendas e distribuição de carnes e produtos industrializados. Apenas neste ano, de janeiro a setembro, a Marfrig exportou cerca de 10 mil toneladas de industrializados de carne para o Reino Unido.

“A saída do Reino Unido da União Europeia, juntamente com as tratativas para um acordo comercial com o Brasil, devem criar novas oportunidades comerciais, pela possibilidade de revisão de tarifas de importação impostas ao Brasil, que atualmente ainda favorecem os países europeus”, afirma Mendonça.

Na avaliação do setor privado, outra prioridade é a celebração de um acordo para evitar dupla tributação entre Brasil e Reino Unido. Entre as principais economias europeias, Reino Unido e Alemanha são as únicas com os quais o Brasil não firmou esse tratado.

As mudanças necessárias para se chegar a um consenso com o governo britânico são relacionadas sobretudo ao tratamento tributário dado pelo Brasil aos rendimentos de serviços técnicos e às regras de preços de transferência.

Estes últimos dizem respeito a operações de compra e venda de bens e serviços feitas entre empresas de um mesmo grupo econômico, mas que operam em diferentes países.

A indústria também defende a implementação de um plano de trabalho sobre regulação, no âmbito do Programa de Facilitação de Comércio do Prosperity Fund.

O fundo interministerial do governo britânico possui alocação pré-aprovada para o desenvolvimento de projetos no Brasil nas áreas de facilitação de comércio, ambiente de negócios, energia, cidades inteligentes, finanças verdes e saúde.

A presidente da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) em São Paulo, Carolina Saldanha-Ures, afirma que o Prosperity Fund tem diversos braços atuando hoje no Brasil e pode contribuir para impulsionar, aqui, o desenvolvimento de setores importantes para os britânicos, como sustentabilidade  e saúde.

“Por meio do fundo, o governo britânico auxilia a indústria brasileira a incorporar práticas importantes para a sua economia, o que gera um círculo virtuoso de internacionalização. Atraímos investimentos britânicos e ganhamos em conhecimento para exportar e realizar investimentos no Reino Unido”, diz.

 

Fonte: Comex do Brasil / CNI

}

12.11.2020

Em Destaque

Relacionados

Coninter debate internacionalização, sucessão e competitividade

O Conselho de Negócios e Relações Internacionais (CONINTER-RI) promoveu na manhã da quarta-feira (10) uma mesa-redonda com o tema “Internacionalização, sucessão e competitividade”, retomando definitivamente a sua grade de atividades. A mesa contou com palestras do...

G20 fica com 78% que o Brasil exporta

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023, as exportações do Brasil para os países do G20 somaram US$ 265 bilhões e representaram 78% de tudo que o Brasil exportou para o...

Quer saber mais?

Entre em Contato

Siga a Marcon

Mercado & Novidades

Últimas Notícias

abr 25 2024

Coninter debate internacionalização, sucessão e competitividade

O Conselho de Negócios e Relações Internacionais (CONINTER-RI) promoveu na manhã da quarta-feira (10) uma mesa-redonda com o tema...
abr 24 2024

G20 fica com 78% que o Brasil exporta

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023, as...
abr 23 2024

FMI projeta crescimento de 3,2% do PIB mundial

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta crescimento de 3,2% para o Produto Interno Bruto (PIB)mundial, tanto em 2024 como em 2025. O...
abr 22 2024

Em março, Portos do Paraná registra oitavo mês de recordes

Os portos paranaenses alcançaram mais um recorde este mês. Com 5.968.934 toneladas movimentadas, março cresceu 11% em comparação ao mesmo mês no ano...
abr 19 2024

Brasil pode chegar a US$ 1 tri de comércio exterior em 10 anos

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira (12), que é possível o Brasil chegar a US$ 1 trilhão de fluxo de...
abr 18 2024

Empresas no Paraná garantem R$ 468 milhões do BNDES para exportação

Empresas no Paraná realizaram quatro operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento de exportações...
abr 17 2024

Portos do Paraná e de Santos assinam carta de intenções

Os dois maiores portos do Brasil assinaram, nesta quinta-feira (11), uma carta de intenções com o objetivo de desenvolver acordos de cooperação...
abr 16 2024

OMC prevê que comércio global vai se recuperar de forma lenta, porém constante

O comércio global de mercadorias deve se recuperar neste ano, porém de forma mais lenta do que o esperado anteriormente, depois de apenas seu...
abr 15 2024

Com US$ 5,4 bilhões no 1º trimestre, Paraná segue como maior exportador do Sul

As exportações do Paraná somaram US$ 5,42 bilhões no 1º trimestre do ano, um acréscimo de 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 5,2...
abr 12 2024

Chanceler argentina vê progresso em acordo Mercosul-UE, apesar de “mal-entendidos”

A ministra das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Diana Mondino, afirmou na sexta-feira que as negociações sobre o...

Quem acredita na Marcon

Nossos Clientes